terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Crítica: A Feiticeira da Guerra (2012)


Dentre os candidatos ao Oscar de melhor filme estrangeiro deste ano, A Feiticeira da Guerra (Rebelle) é o único que não conseguiu me cativar. O longa canadense que ganhou fama após ter, teoricamente, tirado a indicação do francês Os Intocáveis, mostra um tema delicado mas peca no ritmo e no misticismo que o envolve.



Em algum lugar da África Central, não especificado pelo diretor, nos deparamos com uma aldeia pobre e ilhada. Logo na primeira cena aparece Komona (Raquel Mwanza), a personagem principal, que avista ao longe duas embarcações se aproximando. Nas embarcações estão rebeldes, conhecidos como os "Rebeldes do Grande Tigre", que estão em busca de recrutas para a guerra contra o governo.

É nesse ínterim que Komona e mais alguns jovens da aldeia são capturados, e todo o resto da aldeia, incluindo seus pais, mortos. Aliás, os próprios jovens são obrigados a matar-nos, em troca da própria vida. E é assim mesmo, com uma realidade brutal, que o filme nos é mostrado no seu começo. 



Logo após o recrutamento, os jovens passam por um treinamento de guerra. Na verdade, pouco se fala da guerrilha em si, pois o que o diretor prioriza é a violência que existe contra os próprios membros do grupo. Crianças que até então eram inocentes, e viviam com seus pais e irmão, agora obrigados a fazerem trabalhos forçados e a matarem, sem perspectiva de futuro. É triste, mas fica ainda mais triste quando paramos para pensar que isso existe de fato em muitos lugares, não somente no continente Africano. 

Porém é a partir daí que o título do filme começa a ganhar sentido, e ao meu ver, é justamente onde o filme se perde um pouco. Ao beber de um líquido misterioso, depois de um ritual espiritual, Komona passa a ter visões de espíritos que lhe alertam sobre ataques do exército rival. Com isso, ela passa a se tornar mais importante no grupo e passa a ser reconhecida como a Bruxa do Grande Tigre. 



Durante sua permanência no grupo, ela mantém contato com um jovem chamado de Mago, que se apaixona por ela. Os dois acabam desertando do grupo e indo viver juntos longe dos massacres. Mas a história ainda não tem fim, e os dois mal imaginam pelo que ainda terão de passar.

Na questão técnica, o filme conta com uma belíssima fotografia, além de uma atuação firme e verdadeira de Raquel Mwanza, o que lhe rendeu o Urso de Prata de Berlim desse ano. A direção, apesar de ter seus desméritos, merece o elogio de ter mostrado a estória sem apelar para dramatização, até porque a estória em sim já é triste suficiente.



Por fim, A Feiticeira da Guerra é um filme duro, que nos faz refletir sobre a dura vida que levam os habitantes pobres de países que talvez nem saibamos que existam, mas que peca, como antes disse, no seu ritmo e na sua falta de estrutura. Não é um filme ruim, diria até que está longe disso, mas é do tipo esquecível.

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