sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Crítica: No (2012)


Em 1988, após 15 anos da terrível ditadura de Augusto Pinochet no Chile, devido a fortes intervenções do exterior o governo decidiu realizar um plebiscito em todo território nacional para saber se o povo escolheria pela continuação da ditadura (votando sim) ou pelo seu fim (votando não). No seu mais novo filme, o chileno Pablo Larraín nos conta um pouco mais sobre a história desse plebiscito que parou o país, fazendo um retrato político de sua terra natal na época em uma verdadeira aula de história sobre a América Latina.




No conta a verdadeira história de René Saavedra (Gael García Bernal), um publicitário que, ao voltar do exílio imposto pelo governo Pinochet, passa a trabalhar a serviço do "não", ajudando na criação da campanha. A trama mostra o passo a passo dessa criação, desde o surgimento do slogan, do símbolo e do jingle, até o seu final, com a vitória nas urnas. 

Enquanto as campanhas estão no ar em plena televisão nacional, passamos a ver a luta entre os dois lados e o quão suja pode se tornar uma campanha política em busca da vitória. Enquanto o governo ditatorial tenta ludibriar o povo, falando que o país teve um grande avanço após Pinochet assumir o poder, a campanha do "não", como era de se esperar, mostra o outro lado da moeda. 

Porém, o governo não esperava que os opositores usassem do bom humor para construir uma excelente campanha, o que os deixou com medo da derrota e os fez usarem de ameaças para tentar barrar a campanha que faria Pinochet ser deposto. É um relato histórico, mas não deixa de ser um tema atemporal se formos comparar com nossas campanhas políticas por aqui. Outro ponto importante é o fato do filme nos mostrar o quão importante as publicidades são para uma eleição e o poder que elas tem de conseguir uma verdadeira virada nas urnas.


Gravado com uma câmera U-Matic (usada nos filmes nos anos 80) e misturando imagens reais com cenas fictícias, o elemento mais marcante do filme talvez seja justamente sua estética visual, com uma fotografia que nos transporta diretamente àquela época. A atuação do Gael García Bernal também merece destaque. Mais uma vez em um papel importante de um filme com contexto político, e novamente não deixando a desejar, Gael mostra o porque de ser um dos melhores atores latinos da atualidade.

Concorrendo ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro contra o fortíssimo Amour, do Austríaco Michael Haneke, a verdade é que ele tem pouquíssimas chances de ganhar. Mas já vimos dar zebra na escolha final, porque não poderia acontecer dessa vez? Fica aqui minha torcida, Larraín e o Chile merecem.


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