segunda-feira, 27 de maio de 2013

Crítica: Uma Primavera com Minha Mãe (2012)


Uma pequena obra-prima sobre as relações humanas, dessa vez entre mãe e filho. Filmes como Algumas Horas de Primavera (Quelques Heures de Printemps), do diretor Stéphane Brizé, provam que ainda há espaço para filmes feitos com alma e originalidade. 




Alain é um homem de 48 anos que acaba de sair da prisão depois de um ano e meio. Ele trabalhava como motorista de caminhão em uma empresa, e foi preso na fronteira do país por estar carregando objetos contrabandeados a mando do seu chefe.


Por não ter um lugar para ficar, e não conseguir emprego facilmente por conta da sua ficha suja, Alain acaba tendo que ir morar na casa da mãe viúva, com quem a relação não é das melhores. O diretor nos faz até criar uma certa antipatia pelo personagem, pelo jeito que ele trata sua mãe, mas depois conseguimos compreender com o tempo o porque de tudo isso.


A mãe, que ganha vida de forma impecável nas mãos da atriz Hélène Vincent, está cada vez pior de saúde por conta de um tumor no cérebro. Alain descobre que ela andou pesquisando e até entrando em contato com um associação na Suiça (onde a Eutanásia é permitida) para obter um suicídio assistido e assim evitar um sofrimento maior. Enquanto espera decidir o que fazer, ela passa os dias na companhia do amigo e vizinho Lalouette.




O ritmo do filme é extremamente lento, mas nem um pouco cansativo, e trata de um assunto duríssimo para nós humanos da forma que só mesmo filmes europeus conseguem tratar. Aliás, a atmosfera lembra muito o também impactante Amor (Amour), do Michael Haneke, pela forma doce e ao mesmo tempo fria com que os fatos são mostrados.


No fundo, mãe e filho não passam de dois orgulhosos. Quando Alain arruma um emprego em um galpão de reciclagem e resolve sair da casa, a mãe chega a envenenar o cachorro da família, na esperança de que o filho voltasse a morar na casa para cuidar do animal. Por mais antiético e imoral que a atitude tenha sido, o truque deu certo.


Ele volta então a morar com a mãe, enquanto ela está cada vez mais decidida a ir em frente com o programa suiço. Nesse ínterim, surge até uma possibilidade de romance na vida de Alain, que acaba não dando certo por sua personalidade forte ser maior do que tudo.



A cena final é daquelas de deixar o espectador sem fôlego. Diria mais, é uma cena que deixa o coração pesado, apertado, dolorido. Desmoronamos sem precisar que seja dito uma única palavra. Nesse caso a imagem fala por si só, e como fala.


Algumas Horas de Primavera é um filme competente, com ótimas atuações, ótimo roteiro, ótima fotografia, e ótima direção. Algo a criticar? Absolutamente nada. É difícil assistir filmes assim hoje em dia, e é por isso que esse filme precisa ser divulgado e recomendado com fervor.


Nenhum comentário:

Postar um comentário