domingo, 5 de maio de 2013

Recomendação de Filme #15

                                 Cães de Aluguel (Quentin Tarantino) - 1992


No começo de 1992, ninguém nunca tinha ouvido falar no nome de Quentin Tarantino, mas no final daquele mesmo ano seu nome era citado como a salvação do cinema americano, que vivia uma das suas piores carências criativas da história. O motivo dessa ascensão repentina? Cães de Aluguel (Reservoir Dogs), o primeiro longa metragem da sua carreira. 




A trama inicia no melhor estilo do diretor, com uma discussão vulgar e indecente de oito sujeitos em uma mesa de bar sobre a música "Like a Virgin" da Madonna. Aparentemente parece não estar acontecendo nada de anormal entre eles, mas a cena nos revela uma série de informações vitais para o desenvolvimento dos personagens em questão.

Abruptamente a cena é cortada para dois deles em um carro, um deles com ferimentos de arma de fogo. É assim mesmo, de forma não-linear, que começamos a conhecer o grupo de gângsters liderado pelo chefão do crime, Joe Cabot, e seu filho. O bando é formado pelos oito homens da cena inicial, que foram recrutados para um serviço especial e receberam codinomes de cores (Mr. White, Mr. Brown, Mr. Pink...) para evitar que viessem a se conhecer fora do "trabalho".




A ação pela qual eles foram contratados (o roubo de um diamante em uma loja de Los Angeles) dá errado, e apenas quatro deles sobrevivem. Esses quatro se reúnem em um galpão, após o fracasso, e começam a matutar sobre uma possível armação de um dos membros do grupo, que teria avisado a polícia antes de tudo começar.

Tarantino sempre deixou explícito que adora usar violência nos seus filmes, e é nesse ínterim que tem início um banho de sangue poucas vezes visto no cinema americano, com direito a uma cena de tortura física de 10 minutos, filmada em tempo real, que choca quem assiste o filme pela primeira vez. 




Muitos criticam o diretor por acharem a violência de seus filmes gratuita, o que eu discordo veemente. Nada é gratuito nos filmes de Tarantino. Nenhum tiro é dado sem um propósito, nenhuma morte é em vão. O diretor faz uso constante de flash-backs no roteiro, misturando cenas da reunião do grupo após o fracasso, em um plano do presente, com a preparação e o recrutamento de todos antes da ação acontecer.


A textura visual de Cães de Aluguel é algo que se deve chamar atenção. Cada ângulo e cada quadro é concebido pelo diretor de forma impecável, em um filme que beira a perfeição nesse quesito. Mas não é só isso que é digno de elogios na obra. Os diálogos, ponto forte em todos os filmes do diretor, aparecem mais uma vez afiados, repletos de gírias urbanas e elementos da cultura pop. Além do mais, um grande destaque vale também para as atuações, onde os atores parecem (e provavelmente foram) escolhidos a dedo.


Em um mundo onde você assiste filmes de ação já sabendo exatamente o que vai acontecer nos próximos 10 segundos, Tarantino rompeu com isso e fez um filme absurdamente improvável. E é por isso que ele hoje já é considerado um clássico, mesmo sendo relativamente recente.

Não considero a melhor obra do diretor, já que ele ainda estava engatinhando na carreira, mas é impossível olhar o filme sem perceber todos os elementos que vieram a consagrar seu nome no cinema mundial.  Um filme que te faz dar boas risadas, enquanto o sangue escorre pela tela. Um filme que só poderia ter sido feito pelo sacana do Tarantino.


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