segunda-feira, 8 de julho de 2013

Crítica: Any Day Now (2012)



Uma das primeiras coisas que aprendemos num curso de Direito é que a lei nem sempre combina com o senso que temos de justiça, e vice-versa. Baseado em fatos reais, Any Day Now (ou Um Dia Desses em português) se baseia nisso para contar a história de um casal de homossexuais que buscou na justiça a guarda de uma criança com síndrome de Down.



Rudy (Alan Cumming) é um homossexual assumido que ganha a vida como Drag Queen, fazendo performances musicais em um famoso bar gay da região. Em um desses shows, ele avista na platéia Paul (Garret Dillahunt), um advogado recém divorciado da mulher, que passou a ter dúvidas sobre sua opção sexual depois de passar dos 40. Os dois acabam iniciando um relacionamento sincero, apesar de só se verem durante as apresentações. 

Diferente de Paul, que mora numa boa residência, Rudy vive de aluguel em um apartamento localizado numa região pobre e afastada do grande centro. No mesmo prédio vive uma mulher drogada com seu filho Marco (Isaac Levya), um menino quieto com síndrome de down. Por conta da vida que leva, não é surpresa nenhuma quando ela é presa e não volta para casa, deixando Marco abandonado no apartamento.




Os agentes da assistência social levam o garoto para uma instituição, mas Marco odeia o lugar e resolve fugir, andando pelas ruas da cidade com seu brinquedo inseparável no colo, uma boneca. Tocado com a situação do garoto, Rudy o encontra e o leva para seu apartamento, e após um tempo, Rudy e Marco vão morar na casa e Paul. Com o casal morando junto, eles passam então a buscar na justiça a guarda provisória do menino até a saída da sua mãe da cadeia.

Talvez o grande pecado do filme seja o excesso de clichês em alguns pontos, principalmente nas cenas ambientadas no tribunal, onde temos elementos típicos como o advogado acusador de má indole que usa de perguntas maldosas, a juíza intolerante, e o acusado emocional que se altera com as devidas injustiças cometidas contra si mesmo. No entanto, esse tipo de coisa não chega a ofender o resultado final. 



Por fim, o interessante do filme é perceber o preconceito enraizado nos membros da corte, que esquecem que estão lidando com o futuro de uma criança, e só focam na opção sexual dos envolvidos. Diferente do que seria habitual, o diretor não busca uma dramatização exagerada, nem mesmo um final feliz, e esse talvez seja o grande ponto do enredo. Não há justiça onde há preconceito, e infelizmente o filme mostra essa triste realidade com bastante veracidade.

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