segunda-feira, 1 de julho de 2013

Crítica: O Que Traz Boas Novas (2012)


Representante do Canadá ao prêmio de melhor filme estrangeiro no Oscar de 2012, O Que Traz Boas Novas (Monsieur Lazhar) é um filme simples e tocante sobre a concepção que as crianças tem a respeito da morte.


Adaptado de uma peça teatral, o filme parte do suicídio repentino de uma das professoras de um colégio primário, dentro da própria classe em que dava aula, enquanto os alunos estavam no intervalo. A tragédia abala a todos na instituição, sendo necessário um acompanhamento psicológico nas crianças durante as semanas decorrentes, assim como a substituição da professora para dar seguimento às aulas.

É então que surge Bachir Lazhar (Mohamed Fellag), um Argeliano que vive refugiado no Canadá. Diante da situação delicada, Lazhar se apresenta para o cargo de professor substituto com tanta disposição que a diretora da escola não consegue negar o emprego ao estrangeiro.


Apesar do empenho, o professor sente dificuldades em se adequar às práticas de ensino atuais, atendo-se a uma metodologia pedagógica mais tradicional e antiquada. É interessante perceber a forma como o diretor nos apresenta essa tentativa de adequação aos nossos olhos. Aos poucos, Lazhar vai se identificando com os alunos e ganhando sua confiança, nessa relação que se dá entre o ambiente escolar e o luto instaurado após o incidente.

Além de abordar de forma singela a relação em sala de aula entre professor e alunos, o filme foca também no emocional das crianças, que dia-dia tem de aprender a esquecer o fato trágico que ocorreu. Mais do que isso, o longa traz uma pergunta importante: Qual o papel do professor em sala de aula? Educar ou Ensinar? Ou os dois?


As atuações das crianças do elenco são impressionantes, principalmente Sophie Nélisse, que interpreta a madura Alice, e Émilien Néron, que dá vida ao arteiro Simon. Ambos formam o centro da narrativa junto ao protagonista, sendo fundamentais para a composição e o desenvolvimento deste. Aliás, Mohamed Fellag atua com firmeza e consegue transparecer com veracidade o papel importante que o seu personagem tem no enredo.

O que Traz Boas Novas é, por fim, uma obra sobre pessoas diferentes com dores semelhantes. O roteiro não tenta fechar uma história, apenas fala com naturalidade sobre os sentimentos humanos mais primordiais: alegria e tristeza. Por meio disso, constrói-se um drama leve com pequenos toques de humor naturais ao cotidiano escolar. A simplicidade do filme evoca uma autenticidade que funciona melhor do que qualquer artifício dramático feito para arrancar sentimentos do público.

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