terça-feira, 2 de julho de 2013

Giuseppe Tornatore: O Gênio Italiano.


Considerado um dos melhores diretores da história do cinema, e o melhor do cinema italiano contemporâneo, Tornatore está entre os meus cineastas preferidos e certamente merecia ter um post especial sobre seu trabalho por aqui. Siciliano da pequena cidade de Bagheria, Tornatore nasceu no dia 27 de maio de 1956, e já na adolescência frequentou aulas de fotografia onde acabou ganhando importantes concursos na região onde morava.



Com apenas 16 anos, começou a pôr em cena algumas peças de teatro, e graças a isso passou a ter contato com atores e consequentemente com o cinema. Foi então que conseguiu dirigir seu primeiro curta-metragem, Il Taxi.


Sua inicialização no mundo cinematográfico se deu por meio de documentários, entre eles Le minoranze etniche in Sicilia, que lhe rendeu um prêmio no Festival de Salerno. No cinema ficcional, estreou apenas em 1986 como diretor do filme O Professor do Crime (Il Camorrista), depois de trabalhar alguns anos na televisão. O filme mostra a história real de um mafioso que, mesmo preso, comandava sua família e seus negócios de vendas ilegais de trás das grades.

Seu reconhecimento e popularidade, no entanto, ficaram evidentes apenas com seu segundo longa metragem, o premiadíssimo e extraordinário Cinema Paradiso (Nuovo Cinema Paradiso), de 1988. O filme gira em torno de Totó, um garoto pobre de uma cidade da Sicília que se encanta com a chegada do cinema na cidade e passa as tardes frequentando o local, fazendo amizade com Alfredo, um senhor de idade que trabalha como projetista.

A inesquecível amizade de Alfredo e Totó, em Cinema Paradiso.
Cinema Paradiso foi um enorme sucesso de público e crítica, chegando a conquistar o Oscar de melhor filme estrangeiro daquele ano. Foi também a primeira colaboração do diretor com o maestro Ennio Moricone, que rendeu e ainda rende as trilhas sonoras mais encantadoras de todos os tempos.

Segundo o próprio diretor, trata-se de um filme autobiográfico: "Eu escrevi a história recordando minha infância. Como Totó, eu vivia num pequeno povoado da Sicília e era apaixonado pelo cinema. Era nos filmes que eu encontrava as respostas. O cinema me ensinava tudo (...)".

Tornatore durante as filmagens de Cinema Paradiso.
Depois da aclamação mundial de Cinema Paradiso, em 1990 Tornatore lançou Estamos Todos Bem (Stanno Tutti Bene). Outro sucesso de sua autoria, o filme ficou marcado por ter sido um dos últimos trabalhos em vida do astro Marcelo Mastroiani. Ele dá vida a um personagem nostálgico que viaja pela Itália atrás de seus cinco filhos, após nenhum deles aparecer para comemorar seu aniversário, como é feito todo ano. Na viagem, o personagem de Mastroiani vai descobrindo coisas sobre eles que ele preferia não ter descoberto. O longa ganhou um remake americano em 2010, Estão Todos Bem, estrelado pelo ator Robert de Niro.

Mastroiani em Estamos Todos Bem.
Seu próximo filme, Sempre aos Domingos (La Domenica Specialmente) foi uma parceria de Tornatore com mais 3 diretores italianos da época: Francesco Barilli, Giuseppe Bertolucci e Marco Tullio Giordana. O longa, que contava três estórias paralelas sobre relacionamentos bastante incomuns, teve pouca aceitação do público e da crítica e nem é citado na filmografia oficial do diretor.

Após 5 anos longe das telas, Uma Simples Formalidade (Una Pura Formalita) trouxe o nome de Tornatore de volta ao circuito internacional. Estrelado  magnificamente por Gerard Depardieu e Roman Polanski, com um clima sombrio e cheio de diálogos marcantes o filme acompanha uma estória "Kafkaniana" sobre um homem que é preso e nem sequer sabe o porque.

Polanski e Depardieu em Uma Simples Formalidade (1995).
Em 1995 Tornatore lançou O Homem das Estrelas (L'uomo Delle Stelle). O enredo conta a história de um charlatão que se finge de diretor de cinema, cobrando dos moradores de uma pequena cidade da Sicilia uma quantia em dinheiro com a promessa de levar seus testes para um grande estúdio de Roma. O filme não atingiu o sucesso esperado, mas é considerado como um dos melhores do diretor pelos seus fãs.

Três anos se passaram, e em 1998 Tornatore lançou aquele que de longe é sua obra-prima suprema. Cheio de excessos, incluindo os gastos na produção, A Lenda do Pianista do Mar (La Leggenda Del Pianista Sull'oceano) é o filme mais caro e detalhado da carreira do diretor. O filme conta a história de um garoto que foi encontrado abandonado no convés de um navio por um dos engenheiros navais, que o pega para criar. Crescendo entre uma viagem e outra, e sem pôr os pés em terra firme, o garoto descobre um piano e junto descobre também o dom de tocar.

Tim Roth no papel da sua carreira em A Lenda do Pianista do Mar.

Monica Bellucci em Malèna.
Malèna (Malèna), lançado em 2000, é o último grande sucesso da carreira de Tornatore. Estrelado pela atriz Monica Bellucci, o filme se passa em 1941 numa pequena vila da Sicília. A personagem Malèna (Bellucci), viúva de um soldado morto na guerra, vive no vilarejo e causa inveja em todas as outras moradoras por ser belíssima e arrancar os olhares dos homens casados. Triste e cruel, Malèna é um retrato do quanto a felicidade alheia afeta a vida dos outros, e o quanto a opinião pública pode ser fatal para estragar a vida de alguém.

Após Malèna, em 2006 Tornatore lançou A Desconhecida (La Sconosciuta). O filme foi um fracasso de público e é cotado como um dos mais fracos do diretor pelos próprios fãs, e por ele mesmo. Em 2009, ele voltou a firmar parceria com a atriz Monica Bellucci, no filme Baarìa - A Porta do Vento (Baarìa), que assim como o seu último trabalho, não alcançou o sucesso desejado.

Geoffrey Rush em A Melhor Oferta, último filme do diretor.
Atualmente, Tornatore voltou em grande estilo com o suspense A Melhor Oferta (La Migliore Offerta), que mostra a obsessão de um administrador de leilões de arte por sua misteriosa herdeira. No elenco estão Geoffrey Rush, o talentoso Jim Sturgess e o veterano Donald Sutherland. A Melhor Oferta foi exibido em festivais e circuitos da Europa, mas ainda não tem previsão de estréia nem nos EUA e nem no Brasil.

Enquanto isso, Tornatore já trabalha no seu próximo trabalho, Leningrado, um roteiro abandonado pelo mestre Sergio Leone, que ainda deve trazer Al Pacino no elenco. Previsto para estrear apenas em 2015, só nos resta esperar para ver a próxima obra-prima que vai sair da cabeça desse gênio.

Um comentário:

  1. Amei seu post! Também sou fão de Tornatore. Durante muitos anos, procurei a versão estendida de Cinema Paradiso, e depois que a vi, penso que é bem melhor que a dos cinemas, que já era perfeita! Obrigada

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