domingo, 25 de agosto de 2013

Recomendação de Filme #31

Vermelho Como o Céu (Cristiano Bortone) - 2006


Sensível e emocionante, como todo bom drama italiano. É assim que começo a descrever Vermelho Como o Céu (Rosso Come il Cielo), único longa-metragem da carreira do diretor Cristiano Bortone, conhecido principalmente pela sua carreira televisa no país da bota.

O enredo conta a história real de Mirco (Luca Capriotti), um garoto alegre de 10 anos que adora cinema e vive numa pequena cidade italiana, nas proximidades de Pisa. Por conta de um acidente doméstico com a arma do pai, ele acaba perdendo a visão, tendo de frequentar um colégio especial para deficientes visuais em Gênova, ficando longe do convívio com os pais e com os antigos amigos.

Seguindo regras rígidas e contando com uma ideologia atrasada, a escola inibe os alunos de pensarem por si só, deixando evidente a ideia de que, por serem cegas, as crianças não tem condições de ter uma vida decente e conjunta com o restante das pessoas.



A partir de então, o filme passa a mostrar a estória de superação do garoto, através de um enredo lírico e poético, feito com maestria por Bortone. Como a trama é ambientada em um dos momentos políticos mais interessantes na Itália, obviamente que seria abordado o autoritarismo,  personificado na figura do diretor da escola, um homem amargo (também cego) que não acredita na capacidade criativa dos deficientes como ele.

Mirco cresce, e aos poucos é obrigado a se adaptar com a escuridão. Porém, sua paixão pelo cinema continua tão forte quanto antes, e ao encontrar um gravador perdido, ele passa a gravar e editar sons, montando suas próprias histórias sonoras. O tremular de uma bandeja imita o som de um trovão, o assoviar de uma garrafa imita o som do vento, e é com o apoio dos colegas e o uso dessas técnicas, que ele cria um mundo novo cheio de possibilidades.


Uma das cenas mais marcantes é quando Mirco descreve as cores para um menino cego de nascença. Segundo ele, o azul é como sentir o vento bater em seu rosto ao andar de bicicleta, o marrom é como o tronco de uma árvore e o vermelho é como o fogo, e é também a cor que o céu fica no pôr do sol.

Vermelho Como o Céu não se trata apenas de um filme de superação, mas um filme sobre a possibilidade de deixar de lado a vitimização por conta de uma doença, que só traria amargura, para um sentimento de felicidade com a vida que ainda resta pela frente. Por mais trágico que seja algo, sempre haverá um lado bom, e com perdão do trocadilho, o filme nos faz ver o mundo com outros olhos. Uma verdadeira declaração de amor e uma homenagem ao cinema.

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