quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Crítica: Disconnect (2013)


Enredos com várias histórias pessoais que se interlaçam no final por algo em comum não são nenhuma novidade. Porém, apesar de ser uma técnica já bem conhecida, ainda há espaço para o uso da criatividade, e Disconnect, novo filme do diretor Henry Alex Rubin, é um excelente exemplo disso.


A trama acompanha três diferentes subtramas, todas ligadas a princípio por algo em comum: o uso excessivo das tecnologias através de websites como redes sociais e canais de pornografia, e os efeitos perigosos que existem no uso descabido dos produtos que nos levam com cada vez mais facilidade a esse mundo novo e cheio de possibilidades que é a internet.

Na primeira trama acompanhamos o casal Derek (Alexander Skarsgard) e Cindy (Paula Patoon), que mal se tocam e parecem viver cada vez mais como estranhos dentro de casa após a morte do filho pequeno. Derek tenta ficar o maior tempo possível fora de casa, e utiliza o tempo vago para entrar em sites de apostas. Cindy por sua vez, na tentativa de suprir a ausência afetiva do marido, se filia a uma rede social de apoio à pessoas com problemas, onde encontra em um estranho as palavras que queria ouvir. No entanto, tudo fica ainda pior quando, por fruto de algumas informações suas dadas através da rede mundial, eles acabam perdendo todo o dinheiro que tinham na conta bancária.


A segunda estória mostra a jornalista Nina Dunham (Andrea Riseborough), que entra no mundo dos videochats sexuais para tentar conseguir um furo de reportagem para seu programa de televisão. Na investida, ela conhece Kyle (Max Thieriot), um jovem que ganha dinheiro se mostrando na webcam e divide um apartamento com mais uma dezena de jovens que fazem o mesmo. Os dois acabam se aproximando, o que no final gera uma confusão sem tamanho.

Por fim, o filme ainda mostra dois amigos adolescentes que, para infernizar a vida de um colega inibido e quieto (Jonah Bobo), criam um fake feminino no facebook e passam a cantá-lo por meio de mensagens. O que eles não esperavam era que o resultado dessa brincadeira de mal gosto levaria a séries consequências, nessa que talvez seja a parte mais impactante do longa.


O enredo é, sobretudo, devastador. As três histórias tem muito mais em comum do que o simples uso da internet. Em cada personagem há solidão, incompreensão, mágoas e ressentimentos. Isso fica explícito na terceira história, onde um dos garotos deixa a brincadeira de lado por um momento e, durante uma conversa com o garoto tímido, mesmo se passando por outra pessoa, confessa detalhes da vida pessoal como a falta de atenção do pai e da família.

Por tudo isso, não há como negar que a força do filme esteja principalmente nas atuações, apesar de não ser somente isso que o faz ser o que é. Com um elenco recheado de atores vindos de séries famosas, muitos dos quais ainda tem pouca bagagem no cinema, o filme surpreende pela entrega total de cada um, que faz com que seus personagens saiam da tela e fiquem ainda mais próximos do espectador. Outro ponto positivo é a trilha sonora. Que ótimo trabalho de edição de som podemos conferir na obra, onde muitas vezes as cenas entram em perfeito encaixe com a música que está tocando.


Por fim, Disconnect não só é um bom entretenimento, como também serve para levantar boas questões sobre a sociedade atual. A velocidade com que as informações circulam na internet, a facilidade que as pessoas tem de se passar por outras atrás de uma tela, e com isso praticar o mal, e sobretudo a frieza que vão se tornando as relações humanas a cada dia que passa. Um filme que vale muito a pena, e que deixa um nó na garganta ao terminar.


Um comentário:

  1. Adorei o filme pois relata acontecimentos terríveis em que nos devemos ter em atenção...Para nós não cairmos no mesmo...

    ResponderExcluir