domingo, 20 de outubro de 2013

Crítica: Gravidade (2013)


Em 1968, 2001- Uma Odisseia no Espaço do diretor Stanley Kubrick era lançado com efeitos visuais nunca antes vistos, extasiando as plateias do mundo todo e se tornando um marco no gênero da ficção científica. Mais de 40 anos depois, Alfonso Cuarón traz uma obra tão impressionante quanto, e que certamente com o tempo se tornará o marco do gênero no mundo dos filmes em terceira dimensão.



A premissa de Gravidade (Gravity) é simples: o veterano astronauta Matt Kowalski (George Clooney) recebe a missão de instalar um novo equipamento no telescópio Hubble junto da novata Ryan Stone (Sandra Bullock), a mais de 600 km de distância da terra. De repente, os dois são avisados via rádio que uma chuva de detritos advindos da explosão de um telescópio russo vem em sua direção, e antes mesmo de conseguirem entrar de volta na nave, eles são atingidos, passando a vagar pelo espaço em busca de sobrevivência.


O começo é lento, mas imprescindível para nos situar no trabalho dos dois astronautas, e principalmente no ambiente inóspito onde ocorre toda a ação. Após a grandiosa cena das explosões, começamos a acompanhar a incrível jornada dos dois pelo vazio e pela solidão do espaço sideral, onde conhecemos suas personalidades carismáticas através de diálogos despretensiosos, principalmente do personagem vivido por Clooney.



Estética e visualmente, o filme é impecável. Praticamente todo criado em computação gráfica, é absurda a realidade com que Cuarón nos coloca fora da órbita terrestre nos seus 90 minutos de duração. A trilha sonora entra e sai nos momentos certos, e o intercalo entre som e silêncio só serve para ampliar a tensão ao redor do enredo. Os detalhes também chamam a atenção, como os objetos flutuando no interior da nave, que trazem um realismo ainda mais arrebatador.

Clooney canastrão e bem humorado, faz uma atuação firme, mas quem realmente comanda o filme do início ao fim é Sandra Bullock. Em uma atuação surpreendente (surpreendente também é a forma física que a atriz está no alto de seus 49 anos), ela dá um show na pele da astronauta que perdeu tudo, mas que não desisti de lutar para continuar vivendo. Aliás, chama atenção o fato de somente dois personagens aparecerem no filme inteiro, sem jamais deixar o filme entediante. Essa não é uma fórmula muito utilizada em Hollywood, e caiu super bem.



Há algumas cenas simbólicas e de beleza extrema, como a cena em que Ryan chora e sua lágrima flutua com a gravidade. Ou ainda a cena final, onde Cuarón nos ambienta de volta ao planeta Terra, dando aquela sensação de retorno de viagem, quando pensamos que não há nada como estar de volta em casa.

Muito além do espetáculo gráfico, Gravidade é um verdadeiro ensaio sobre solidão, fragilidade e perseverança. A crítica especializada vem tecendo críticas entusiasmadas sobre o trabalho de Cuarón, e já dão como certa sua indicação ao próximo Óscar de melhor filme. Sendo indicado ou não, o fato é que ao assistir, você sente que está presenciando algo histórico.



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