quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Crítica: O Último Élvis (2013)



Filme argentino dirigido pelo estreante Armando Bo, O Último Élvis (El Ultimo Elvis) é um intenso mergulho na vida de Carlos Gutiérrez (John Mc Inerny), um homem que ganha a vida fazendo shows cover de Élvis Presley em festas e bares noturnos de Buenos Aires.




Na primeira cena do filme aparece uma escadaria, e ao subir os degraus de forma lenta, a câmera nos coloca dentro de um salão iluminado e decorado para uma grande festa de casamento, onde uma banda aguarda em cima do palco o momento de tocar. É quando aparece a figura de Carlos, em meio à ópera "Assim Falava Zaratustra", caracterizado como o rei do rock.

Para o artista é seu momento de apogeu, e ele dá tudo de si para personificar com êxito seu grande ídolo. Porém, como de costume nesse tipo de festa, as pessoas não dão muita atenção ao show, e após tocar para um público indiferente, ele volta pra casa apenas com a gorjeta do pai da noiva, que ainda tem de dividir com os colegas.




Obviamente, Carlos não faz apenas isso na vida, já que o que ganha com os shows não é suficiente para seu sustento. Além de trabalhar para essa produtora responsável por artistas covers, ele trabalha diariamente em uma fábrica de lavadoras de roupa. Separado da mulher e com uma filha pré-adolescente com quem tem pouco contato, seu dia-dia é solitário e ele vê nos palcos a chance de estar rodeado de pessoas e se sentir importante.

As referências do filme ao cantor americano são inúmeras, sendo algumas explícitas e outras entendidas apenas pelos fãs, como o fato dele chamar sua ex-mulher Alejandra de Priscila (nome da esposa de Élvis) e sua filha se chamar Lisa Marie (nome de uma música do cantor).




A partir de certo momento, fica evidente ao espectador que o comportamento de Carlos não é normal, e que ele leva essa idolatria e essa "dupla personalidade" a sério demais. Sua melancolia é enorme por acreditar que não recebe dos outros o que merece por ter nascido como Élvis, e aos poucos, ele não consegue mais viver adequadamente com suas duas vidas distintas. Porém, o filme não o julga, muito menos o condena. Apenas nos mostra tudo de forma simples.

A trilha sonora do filme é elogiável, e vale a pena conferir as performances viscerais de Carlos no palco. Outro ponto interessante é quando Carlos visita a produtora pela qual trabalha, e notamos uma série de outros artistas covers, de diferentes personalidades pop's famosas como Mick Jagger, John Lennon, etc.


Por fim, nesse universo de faz de conta, o filme acaba de forma dramática e bastante triste. Carlos tinha um plano para quando completasse 42 anos, e acaba pondo-o em prática quando viaja para Memphis, nos Estados Unidos, para visitar a casa do falecido ídolo. Particularmente, confesso que não gostei do final, mas o restante do filme é tão bacana, que a gente acaba deixando pra lá.


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