quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Crítica: A Parede (2013)


Escolhido pela Áustria para representar o país no próximo Óscar de melhor filme estrangeiro, A Parede (Die Wand) é um filme estranho, diferente e monótono, mas que trata de forma poética da relação do homem com a natureza.



Em forma de monólogo, o longa inicia com Frau (Martina Gedeck) contando através de escritos em um velho caderno, de dentro de uma cabana no meio do nada, como foi parar lá e o que lhe aconteceu desde então. Ela foi para o local a passeio com um casal de idosos. Ao saírem para dar uma volta pela região, Frau ficou sozinha com o cachorro deles, Luchs. Quando virou o dia e eles ainda não haviam retornado, ela decidiu ir atrás para descobrir o que teria acontecido e acabou se deoarando com uma situação inusitada.

Uma parede invisível a impede de ultrapassar as fronteiras do local, onde do outro lado parece não haver mais vida. Cercada, ela tenta explorar todos os caminhos possíveis para escapar para o outro lado, mas sem obter sucesso. Por conta disso, ela acaba tendo que passar a viver na floresta, acompanhada apenas do cachorro, e logo depois, de outros animais que surgem na cabana. 



Logo, sua relação com a natureza passa a crescer, fazendo com que ela deixe de contar os dias e se baseie apenas nas mudanças de estações. Seus dias são preenchidos entre a procura por alimentação e a observação do novo mundo que a rodeia. Uma das cenas mais bonitas é a qual ela divaga sobre um corvo branco, rejeitado pelos outros membros do grupo de corvos, todos pretos. No final, ao ver um ser-humano pela primeira vez depois de meses, sua única reação é a de atacá-lo.

O enredo, baseado no best-seller da escritora Marlen Haushofer, é um verdadeiro tratado existencialista sobre a condição humana. Além da atuação de Martina, com certeza o ponto que mais chama atenção é a fotografia. Direto das montanhas austríacas, somos conduzidos por paisagens belíssimas, que encantam ao longo da narrativa, e que certamente fazem o filme ser visualmente imperdível.



Simbólico e metafórico, o longa não possui nenhuma fala, e como disse acima é narrado inteiramente pelas escritas da personagem no seu caderno. Isso acaba deixando o filme um pouco cansativo em dado momento, ainda que isso não estrague o resultado final. Não deve ter chances de chegar entre os finalistas do Óscar, mas mereceu a indicação.


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