quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Crítica: Renoir (2013)


Indicado para representar a França no prêmio de melhor filme estrangeiro do próximo Óscar, Renoir (Renoir) aborda um período crucial na vida do pintor Pierre-Auguste Renoir, após a morte de sua esposa e o retorno de seu filho Jean (sim, o cineasta Jean Renoir) da guerra.



Aos 74 anos e já com dificuldade de se locomover e trabalhar, Renoir (interpretado fielmente pelo ator Michel Bouqet) vive recluso com um dos filhos no interior da França, enquanto passa os dias no seu atelier fazendo aquilo pelo qual é apaixonado, pintando quadros. Mesmo debilitado, ele vê ressurgir a inspiração com a chegada da jovem aspirante a atriz Dedee (Christa Theret), que passa a posar sem roupas para o artista.

A chegada da jovem altera toda a rotina da mansão, tanto entre as empregadas domésticas (algumas que também já foram modelos de seus quadros na juventude) quanto dos filhos do pintor, o mais novo Coco e o jovem Jean, que volta ferido da guerra e aos poucos se deixa levar pelos encantos da jovem.



O ponto máximo do filme certamente são as cenas em que Renoir discorre sobre seu processo de criação das obras. O olhar que ele tinha sobre a natureza, os objetos inanimados e o corpo humano, são retratados de forma belíssima pelo diretor. A beleza da arte no puro momento de seu nascimento, e todos os detalhes que levam ao resultado final.

A fotografia é belíssima e nos transporta com vivacidade à França do começo do século passado, usando muitas cores como nos próprios quadros do artista. Uma cena em especial me marcou, quando Jean pergunta ao pai porque ele não usa preto nas suas pinturas e o mesmo responde que a cor preta deixa tudo meio obscuro, e que a vida real já tem muita coisa triste para que ele precise também transcrever isso em quadros. Lindo!



Vale ressaltar ainda que, para quem conhece a carreira de Jean Renoir, é interessante ver como começou sua paixão pelo mundo do cinema, quando ele comprava pequenos rolos de filmes americanos para assistir em casa na sua máquina de filmes.

Apesar de muitos pontos positivos, o filme peca um pouco da descentralização do tema. Começa abordando a vida do Renoir pai, depois passa a focar mais no Renoir filho, e fecha com a relação amorosa de Jean e Dedee. Tudo isso num ritmo extremamente lento, que incomoda os mais hiperativos. Porém, apesar disso, é uma grande obra que merece o reconhecimento que vem recebendo e a indicação para o prêmio máximo da categoria.



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