quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Crítica: Rush - No Limite da Emoção (2013)


Não é preciso ser fã de automobilismo para concordar que Rush - No Limite da Emoção (Rush) é um dos melhores filmes de 2013. O longa, dirigido por Ron Howard (de Uma Mente Brilhante e O Código Da Vinci) explora de forma humana uma das rivalidades mais interessantes que já ocorreram nas pistas, em uma época de glória da Fórmula 1.


O ano é 1976, e o clima é de tensão na hora da largada para o Grande Prêmio da Alemanha. De um lado da ponta está o inglês James Hunt, dirigindo sua McLaren. Do outro, está o austríaco Nick Lauda, com sua Ferrari. Em jogo, mais uma importante corrida pelo prêmio mundial.

Logo voltamos no tempo, mais precisamente em 1970, onde teve início a rivalidade entre os dois, ainda na juvenil Fórmula 3. Hunt era um mulherengo, farrista e inconsequente, enquanto Lauda era centrado, detalhista e preciso, e conhecia tudo sobre carros. Essas características próprias de cada um acabam se chocando durante todo momento.


Apesar das diferenças, ambos tinham algo em comum: a ambição e o sonho de dirigir um carro na principal categoria de automobilismo do mundo. Tanto Hunt como Lauda tiveram de ir contra seus pais, que os queriam formados em algo "concreto", como advocacia ou medicina. Howard acerta em cheio ao mostrar suas personalidades fora das pistas, e aproveitando o máximo que podia dos personagens.

Os dois acabaram entrando juntos na Fórmula 1, ainda que tiveram que pagar para isso. Com um empréstimo, Lauda "comprou" seu lugar numa equipe de ponta, enquanto Hunt conseguiu a vaga numa equipe de pequeno porte. A partir de então, acompanhamos ano a ano o crescimento dos dois na categoria, e consequentemente suas desavenças, cada vez maiores.


A Fórmula 1 de antes era diferente da que vemos agora. É difícil imaginar, hoje, que os pilotos praticamente se gladiavam nos bastidores. Além do mais, o medo da morte era constante, numa época em que os carros não tinham a segurança que têm hoje, e onde pelo menos um piloto morria a cada temporada.

Voltamos então ao início do filme, 1976. Por conta do tempo chuvoso, Lauda pediu uma reunião urgente antes da corrida na Alemanha para pedir que fosse cancelada. Hunt, achando se tratar de uma estratégia para Lauda manter a ponta do campeonato, influenciou os outros pilotos a correrem, numa decisão que se tornou quase unânime. 

Na corrida, Lauda bateu feio, em um dos acidentes mais terríveis já vistos na categoria, e em consequência, perdeu boa parte da pele do rosto, queimada pelo fogo no cockpit. Após um tempo no hospital, Lauda voltou às pistas, numa força de vontade nunca antes vista, sobretudo para tentar impedir que Hunt tirasse o seu título.


O enredo é muito bem construído, e contou com a ajuda do próprio Lauda, que contou suas memórias depois de quatro décadas passadas. A recriação da época é impecável, e a abordagem da vida pessoal dos personagens acaba não deixando o filme reto e cansativo. As atuações também são elogiáveis. Lauda é vivido com maestria pelo ator Daniel Bruhl (de Adeus, Lênin e Bastardos Inglórios), que é um forte concorrente ao Óscar desse ano. Quem também faz um ótimo trabalho é Chris Hemsworth, no papel de Hunt.

Por fim fica evidente que um não conseguiria tudo o que conquistou sem o outro. A rivalidade entre eles é que fazia eles quererem mais e dar tudo de si. Mais do que um filme sobre corridas, o drama é um ótimo exemplo de filmes de esportes que empolgam. É surpreendente, eu diria. Muito além das minhas expectativas.


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