quinta-feira, 8 de maio de 2014

Crítica: Mel (2014)


Mel (Miele) acompanha a vida de Irene (Jasmine Trinca), uma italiana que vive sozinha em uma casa na beira da praia. A jovem aparentemente leva uma vida como qualquer outra pessoa da sua idade, namorando, frequentando festas e viajando. Porém, não demora muito para percebemos que por trás do rosto de Irene existe algo misterioso, e que essas viagens que ela faz não são por puro lazer.



Irene viaja periodicamente ao México para comprar um remédio veterinário específico que é proibido na Europa. Quando nos perguntamos o motivo disso, ele logo vem à tona: os medicamentos são utilizados para seu trabalho paralelo de acabar com o sofrimento de pessoas diagnosticadas com doenças terminais, ajudando-as a dar um fim em suas próprias vidas.

O tema da eutanásia já foi mostrado diversas vezes no cinema, mas nunca deixa de ser polêmico, e cada vez que o assunto é abordado novas visões sobre o tema surgem, dando mais pano para discussões. Irene, que na verdade usa o nome profissional de Miele (Mel em português), nunca teve experiência médica e faz isso apenas como uma forma voluntária (ainda que receba dinheiro por isso) para ajudar as pessoas que não enxergam mais sentido em estarem vivos.



O grande problema surge quando ela acaba tendo que lidar com um novo cliente chamado Grimaldi (Carlo Cecchi). Ele está descontente com a vida e quer dar um fim a ela, mas não tem nenhuma doença palpável a apresentar. Sua doença na verdade é a depressão, e somente isso. 

Mesmo não sendo eticamente correto o que faz, ela tem uma regra: não fazer em qualquer pessoa apenas porque ela quer, mas somente quando ela realmente tiver uma doença séria. Então logo surge a dúvida: se para a medicina a depressão pode ser vista como uma doença igual às outras, porque Grimaldi não teria direito de dar fim à própria vida?



Para Miele, todos os que já passaram pelas suas mãos queriam viver, e só pediram sua ajuda porque, do jeito que estavam, a vida lhes era impossível. E por isso mesmo, é inadmissível para ela que uma pessoa que goze de boa saúde queira morrer. Após boas discussões, ela e Grimaldi criam uma relação de amizade, que aos poucos vai fazendo com que ela decida abandonar o ramo de vez.

A personagem forte ganha forma na boa atuação de Jasmine. O roteiro é bem original, mas deixa algumas coisas inexplicadas. A relação que Miele tem com o namorado (que aparentemente tem outra mulher) e com o pai não são muito bem explicadas, assim como o que ela faz da vida fora da rotina mostrada. Fora isso, o filme cumpre aquilo que promete, e o resultado visto em cena é bem interessante.


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