quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Crítica: Amantes Eternos (2013)


De filmes de terror intimistas a filmes adolescentes, o "vampirismo" sempre foi tratado nas telonas, desde os tempos do cinema mudo como no clássico Nosferatu (F. W. Murnau, 1922). Apesar de já parecer saturado, ainda há espaço para novas visões sobre o tema, e dessa vez quem resolveu se aventurar nisso foi o experiente Jim Jarmusch, conhecido por filmes como Dead Man e Flores Partidas.



Adam (Tom Hiddleston) e Eve (Tilda Swinton) são duas criaturas da noite, que vivem separados por um oceano, mas que se encontram assim que podem. Solitários e descolados do mundo em que vivem, ambos buscam nas artes humanas e no amor um sentido para as suas existências eternas.

Adam tem fortes tendências suicidas, e seu único consolo parece vir de Eve e de suas músicas, que ele compõe para si mesmo. Eve já aparenta ser mais centrada, e se encanta pelas pequenas coisas do dia-dia. Um dos pontos positivos da abordagem de Jarmusch é justamente mostrar um lado diferente dos vampiros, o lado de alguém que já viveu milhares de anos e aparentemente tem muita história para contar. 



Não espere ver cenas de ação, mas sim, uma profunda análise da experiência de vida de cada um, fazendo-nos pensar em quanta cultura alguém pode adquirir e quantas pessoas pode conhecer se viver o período em que eles viveram. Aqui, os personagens não possuem aquele instinto violento que se tornou clássico nos filmes de vampiros, mas ao invés disso, são gentis e até mesmo bastante humanos.

A personalidade sombria dos dois se contrasta com a personalidade de Eva (Mia Wasikowska), a irmã mais nova de Eve, que parece estar muito mais integrada ao século 21 do que seus parentes. Alheia aos conhecimentos científicos e intelectuais dos dois, ela pode ser considerada um símbolo da juventude de hoje, cuja cultura está cada vez mais decadente.



Por fim, Amantes Eternos é um filme bastante artístico, cuja lentidão do enredo nos transporta pouco a pouco para dentro da história, ainda que o final deixe um pouco a desejar. De positivo, vale ressaltar a excelente caracterização dos personagens e suas atuações (Tilda e Tom estão impecáveis), assim como a trilha sonora marcante. Um bom entretenimento, que vai além do que a sinopse propõe. 

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