quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Crítica: O Teorema Zero (2014)


Poucas mentes são tão férteis quanto a do diretor Terry Gilliam, com suas ideias mirabolantes e surreais. De volta à ficção científica após 20 anos do sucesso Os 12 Macacos, em O Teorema Zero (The Zero Theorem) ele não consegue transpôr para a tela o que pretendia, trazendo um filme confuso e abaixo da média.



Qohen Leth (Christoph Waltz) é um exemplar operador da empresa Mancon. Vivendo enclausurado em uma igreja abandonada, rodeado de computadores e fios, ele passa os dias esperando uma ligação que supostamente lhe dirá o sentido da sua vida, enquanto busca encontrar a fórmula do misterioso Teorema Zero.

Aqui Gilliam cria sua própria visão de um mundo futurista, com carros pequenos onde cabem apenas uma pessoa (que mostram a individualidade cada vez mais presente), vitrines coloridas que falam com os pedestres, e tecnologia ultra avançada. Além disso, todos são vigiados por uma espécie de "entidade suprema".


O personagem fala sempre na primeira pessoa do plural, como se tivesse uma personalidade dúbia. Apesar da sociedade parecer mais pacífica, Qohen diz que não consegue mais lembrar da última vez que foi feliz, e busca através de Bainsley (Melanie Thierry) alguns momentos de fuga da realidade.

Apesar da direção de arte impecável, não fica bem claro qual a verdadeira intenção do diretor, e o filme se perde em confusões e devaneios que só mesmo Gilliam parece entender. Mesmo com todos os defeitos, uma coisa há que se dizer sobre o filme: Christoph Waltz nos mostra mais uma atuação impecável, em um papel completamente diferente de tudo que ele já havia feito. Careca e pálido, ele personifica com perfeição o personagem anti-social e cheio de tiques nervosos.



Por fim, Gilliam é um diretor conhecido por seus altos e baixos, mas aqui ele chegou no mais fundo degrau. O clima de paranoia prende até o fim, mas mas não passa de uma alegoria para esconder a falta de coesão em tudo. É certamente um dos filmes mais decepcionantes de 2014.


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