quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Crítica: Acima das Nuvens (2014)


Depois de saber da morte do dramaturgo Whilelm Melchior, que foi responsável por sua descoberta e seu posterior sucesso na carreira, Maria Enders (Juliette Binoche) fica abalada e sem chão. O prêmio que ela receberia em seu nome naquela mesma noite acaba se transformando em homenagem póstuma, onde muitos se aproveitam da situação para se promoverem.

Dias depois, Maria é convidada por um jovem diretor para encenar a mesma peça de Whilhelm que encenou há 20 anos, sobre uma relação homossexual entre duas mulheres. O desafio de Maria é que dessa vez ela terá que interpretar a personagem mais velha da história. Com isso, se vê obrigada a encarar a passagem do tempo e sua velhice. Ela também fica intrigada quando descobre quem fará o papel que foi seu há anos atrás: Jo Ann (Chloe Grace Moretz), uma jovem atriz torturada pela mídia, que insiste em colocar a imagem dela como uma transgressora e mal educada.



Contando com a ajuda de Valentine (Kristen Stewart), ela começa a ensaiar as falas da peça na bela paisagem dos alpes suíços. A relação com a assistente é tão forte quanto a de uma mãe com a filha, e no final do filme acaba ficando meio subjetivo o que de fato elas tinham entre si.

O filme possui uma gama de críticas, escondidas atrás de simbolismos. A primeira e mais evidente é a da aceitação do transcorrer do tempo. A segunda é a forma como a mídia consegue moldar uma figura pública do jeito que eles querem. E a terceira é o fato de muitos atores serem julgados por um único trabalho mal feito, já que Jo Ann é desacreditada por ter protagonizado um filme meia-boca de ficção cientifica (o paradoxo com a Kristen Stewart é bem lembrado, já que ela é uma das que mais sofrem com isso depois de Crepúsculo).



Binoche começa o filme de maneira estonteante, e sua atuação melhora a cada novo plano. Stewart e Moretz também estão muito bem, e a primeira segue inclusive calando a boca de críticos que ainda insistem em dizer que ela não atua bem e não tem expressão. A paisagem lindíssima contribui para que a fotografia do filme seja incrível.

A única coisa que me incomodou bastante foram os cortes abruptos em certas cenas, fazendo com que a montagem final ficasse um tanto quanto precária. A própria Maria fala no filme que gosta de histórias em que cada um possa fazer seu próprio final e tirar suas próprias conclusões, e o filme é exatamente assim. Mas isso não deu certo dessa vez.


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