sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Crítica: Tim Maia - Não Há Nada Igual (2014)


A figura pública de Tim Maia todos já conhecem, mas poucos sabem de sua vida atrás dos palcos. Baseado no livro Vale Tudo - O Som e a Fúria de Tim Maia, de Nelson Motta, o filme dirigido por Mauro Lima mostra a trajetória do maior nome da Soul Music brasileira desde sua juventude pobre na zona norte do Rio de Janeiro até sua morte em 1998.


Nascido na Tijuca, Sebastião (vivido por Robson Nunes na juventude) trabalhava desde pequeno ajudando a família a entregar marmitas de casa em casa, que lhe rendeu o apelido jocoso de Tião da Marmita. Vindo de família pobre, ele não tinha lugar no mundo. Sua única esperança na vida era obter sucesso como músico, após descobrir uma loja de LP's e se apaixonar pela música negra americana.

Sua carreira musical começou através da igreja. Junto com outros garotos do lugar, Sebastião formou o grupo Os Tijucanos do Ritmo, que durou pouquíssimo tempo. Depois disso ele conseguiu formar outra banda, Os Sputnikis, onde junto com o amigo Roberto Carlos tocava músicas influenciadas pelo soul americano. O grupo chegou a conseguir algum sucesso, tocando inclusive na televisão, mas não passou disso.


Após perder o pai e ver sua chance de aparecer na televisão reduzida após o término do programa que o lançou, Sebastião, agora já chamado de Tim Maia, pôs na cabeça que precisava ir para os Estados Unidos tentar a vida musical por lá. Pouco a pouco ele foi reunindo dinheiro para pagar a passagem, de todas as formas possíveis.

Tim Maia, porém, conseguiu ir para os Estados Unidos da maneira mais inesperada possível, junto com um grupo de padres que estava indo para uma missão. Acolhido por uma família, ele passou anos por lá, aprendendo a se virar sozinho com o inglês capenga que foi aprendendo na marra. Foi lá que ele teve suas primeiras experiências com drogas, se metendo em confusões e indo parar na cadeia.


De volta ao Brasil depois de uma década, Tim Maia voltou literalmente com uma vasta bagagem cultural. No entanto, se meteu novamente em furtos junto com conhecidos, e mais uma vez foi para trás das grades. Ao sair da prisão pela segunda vez, resolve ir para São Paulo, onde seus antigos amigos Roberto e Erasmo Carlos estão fazendo sucesso. Já na capital paulista, Tim Maia finalmente consegue o reconhecimento que tanto buscava. O seu primeiro LP bate recordes de vendas e seus shows passam a lotar casas. Nas rádios, é só Tim Maia que toca, assim como nos programas musicais da televisão.

Assim como o sucesso, a ruína também chegou rápido. Homem de excessos, Tim Maia se viu cada vez mais metido com drogas, mas foi quando ele as largou que tudo realmente foi abaixo. Fazendo parte de uma seita religiosa, Tim Maia mudou completamente seu estilo de ser e agir, perdendo amigos, companheiros de trabalho e público, e demorou muito para que ele reconquistasse a confiança de todos.


A personalidade explosiva de Tim Maia é genuinamente interpretada por Badu Santana, que incorpora com perfeição o cantor. Interpretar alguém tão conhecido do público não é fácil, e o ator consegue juntar todos os trejeitos do cantor com maestria. Alinne Moraes e Cauâ Reymond também chamam a atenção por suas atuações. O segundo, aliás, é quem narra o filme, na voz de um grande amigo de Tim Maia.

A única coisa que me incomodou foi a tentativa do diretor, em alguns momentos, de fazer algo engraçado, o que não colou muito bem e pareceu forçado. Forçado também pareceu a atuação de George Sauma como o rei Roberto Carlos. De resto, é um roteiro que prende, principalmente do meio pro final quando os "hits" do cantor ganham força na produção. 


Por fim, Tim Maia é uma biografia musical digna de quem ele era. Com seu jeito maluco, Tim Maia encantou uma geração e mudou a história da música brasileira com seu suingue e seu talento. É uma das personalidades que entraram para o hall dos imortais, e de lá não sairá jamais.


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