sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Crítica: Winter Sleep (2014)


Vencedor do prêmio máximo no último Festival de Cannes, o novo filme do turco Nuri Bilge Ceylan (de Era uma Vez na Anatólia) prioriza a beleza estética ao mostrar uma região belíssima por natureza e chama a atenção pelos diálogos marcantes, mas peca pelo ritmo arrastado e pelas cenas de longuíssima duração.


Um homem caminha solitário pelas montanhas de Anatólia, na Turquia. Ele é Aydin (Haluk Bilginer), um ator que largou a carreira e agora é dono de um hotel no meio das rochas, que recebe turistas de todos os lugares enamorados pelas belíssimas paisagens da região. Além do hotel, Aydin também é dono de alguns imóveis e comércios na aldeia, fruto de uma herança deixada pelo pai, e vive em atrito com os inquilinos pelos aluguéis atrasados.

Toda semana ele publica um artigo de sua autoria no jornal local "A Voz da Estepe", onde conquista admiradores da mesma forma que ganha a inimizade de alguns dos vizinhos com assuntos polêmicos. Junto dele vive sua irmã Necla, também dona de boa parte dos imóveis e do hotel, e sua mulher Nihal. 

Necla está sofrendo ainda de um divorcio doloroso, e não deixa de pensar que tudo poderia ter sido diferente, se culpando o tempo todo. Já Nihat é quieta e distante, e gasta seu tempo livre tentando fazer caridade com os mais carentes. Já Aydin, no transcorrer do filme, vai se mostrando um homem cínico e arrogante, da sua maneira, e com a chegada do inverno e da neve chegam também os ressentimentos entre os membros dessa família.


Os diálogos são o ponto alto do filme, mas por vezes cansa. Cenas estáticas de mais de 20 minutos podem até serem super bem construídas, mas há que se ter muita paciência. Ceylan aposta alto na densidade dos personagens, e isso pode ser visto através das excelentes atuações. São todos seres humanos frustrados, deslocados, que parecem não ter encontrado um lugar no mundo. Mesmo assim, não dá para dizer que seja um filme fácil de se acompanhar, e por isso fica abaixo do filme anterior do diretor.

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