quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Crítica: Selma - Uma Luta Pela Igualdade (2014)


É incontável o número de filmes já lançados sobre a segregação racial nos Estados Unidos, mas o tema nunca é demais. Selma, da diretora estreante Ava DuVernay, é um azarão muito bem-vindo nessa edição do Óscar, e com um roteiro caprichoso, consegue mostrar mais um pouco do que foi os anos 60 e a luta pelos direitos civis dos negros americanos.



A lei que proibia a segregação e descriminação racial nos Estados Unidos foi sancionada em 1964 pelo presidente Lyndon B. Johnson, após o famoso discurso de Martin Luther King em Washington, conhecido pela frase emblemática "I Have a Dream". Porém, não bastava existir a lei, mas ela tinha que ser cumprida, e é justamente sobre isso que fala o filme.

O longa começa mostrando a entrega do prêmio nobel da paz para Martin Luther King Jr, interpretado de forma excelente por David Oyelowo, para depois mostrar os bastidores da marcha histórica organizada por ele entre as cidades de Selma e Montgomery, no Alabama, um dos marcos cruciais da sua luta pelo direito dos negros ao voto em um dos estados mais racistas do país.



Além dos preparativos para a marcha, que muitas vezes teve que ser adiada por motivos de segurança ou violentamente interrompida após seu início, o filme mostra o envolvimento de todos os lados no processo, desde a esfera federal, passando pela estadual, pela municipal e pela polícia racista do Alabama, e chegando inclusive aos brancos de todo o país que passaram a apoiar os ativistas liderados por King.

O filme acerta em cheio ao mostrar o lado humano de King, um homem que chora por não suportar as atrocidades que vê, um homem que tem coragem de voltar atrás em um protesto, e que precisa mais do que tudo das família e dos amigos para seguir em frente. Diferentemente de outros militantes, como Malcolm X, King sempre defendeu a luta pacífica, sem violência, e esse foi um dos motivos de ter conseguido tanto apoio.



Apesar de de estar concorrendo na categoria de melhor filme no Óscar, a ausência de David Oyelowo como melhor ator foi bastante sentida. O roteiro é bom mas não é dos melhores, e sem dúvida a atuação do ator é um ingrediente essencial para o sucesso do filme. Por fim, como disse no início dessa crítica, obras como essa nunca são demais. Infelizmente o racismo ainda é uma realidade, e provavelmente ainda vai ser por anos, e enquanto isso existir, o sonho de Martin Luther King continuará vivo.


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