quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Crítica: Sr. Turner (2014)


Premiado em Cannes, Sr. Turner (Mr. Turner), do veterano diretor Mike Leigh, acompanha 25 anos da vida do pintor inglês J. M. W. Turner, até sua morte em 1851. Muito apreciado pelos críticos, Turner era conhecido por ser um homem indisciplinado e turrão, e passava seus dias pintando na casa onde vivia com seu pai e sua governanta.



O artista gostava muito de viajar, e a maior parte de suas obras foram inspiradas pelas suas aventuras. Por conta disso, é comum ver em seus quadros muitas ilustrações de navios e mares, além de paisagens belíssimas. No entanto, com a morte do pai Turner foi se isolando do mundo, e suas obras cada vez mais excêntricas passaram a gerar inúmeras críticas negativas.

Ao mesmo tempo em que mostra a vida do artista, o filme também aborda a chegada das primeiras tecnologias da época, como as máquinas à vapor da Revolução Industrial e os primeiros protótipos das máquinas fotográficas. A perda de espaço das pinturas feitas a mão para a fotografia foi um marco negativo na história da arte, que nunca mais foi vista e apreciada da mesma forma.



Mostrando o pedantismo da aristocracia britânica, a submissão das mulheres às vontades dos homens e as enfermidades da época, o filme consegue captar muito bem a atmosfera daquela época, mas apesar da fotografia espetacular, que remetia muitas vezes aos próprios quadros do pintor, o roteiro silencioso e lento prejudica um pouco o ritmo do filme, e há que se ter paciência para conseguir apreciá-lo. 

O que mais chama a atenção de fato é a atuação monstruosa de Timothy Spall, eleito melhor ator em Cannes mas injustamente esnobado pelo Óscar. Na pele de um personagem difícil, ele consegue mostrar com maestria a personalidade controversa do pintor, que tinha uma forte relação com o pai, relações amorosas estranhas e conflitos diários com outros pintores.


Nenhum comentário:

Postar um comentário