quarta-feira, 8 de abril de 2015

Crítica: A Pequena Morte (2015)


Conhecido principalmente pela série de televisão House of Lies, o australiano John Lawson resolveu se aventurar pela primeira vez como diretor e roteirista de cinema na comédia A Pequena Morte (The Little Death), e não fez feio. Mostrando histórias distintas que no fim se entrelaçam, Lawson explora em 90 minutos a vida sexual secreta de cinco casais que vivem em Sidney, com seus problemas, suas neuras e suas fantasias.



O longa começa mostrando Paul (Josh Lawson) e Maeve (Bojana Novakovic), jovem casal que começa a ter dificuldades com o sexo depois que ela confessa na cama ter a fantasia de ser estuprada. Obviamente não seria um estupro de verdade, e a ideia é que o marido se passe por um desconhecido com a maior veracidade possível. Paul acaba aceitando o "desafio" e começa a fazer de tudo para realizar a fantasia da esposa, mas isso acaba levando-o longe demais.

A segunda história mostra Daniel (Daniel Malcolm) e Evie (Kate Mulvani), que estão passando por uma crise sexual no casamento e buscam na terapia uma solução. Na tentativa de apimentar a relação, o médico sugere então que eles brinquem de interpretar personagens na hora H. A brincadeira começa bem, mas a falta de aptidão de Daniel para conseguir ser convincente na dramatização é extremamente cômico e acaba estragando tudo.



Logo passamos a acompanhar Richard (Patrick Brammall) e Rowena (Kate Box), que há cinco anos tentam ter um filho mas sem sucesso. A coisa muda de figura quando Rowena descobre uma tara sua esquisita e até então desconhecida: ela sente prazer em ver o companheiro chorar. A partir de então, ela começa a fazer tudo que pode para que ele chore, nem que para isso tenha que transformar a vida dele num inferno.

Phil (Alan Dukes) e Maureen (Lisa McCune) vivem um casamento de anos e brigam o tempo inteiro quando estão juntos. Consequentemente eles não fazem sexo, e ele acaba tendo que se satisfazer sozinho depois que a esposa dorme. O diferencial nessa história é que Phil possui uma tara incomum ao se sentir excitado vendo outra pessoa dormir, e quando Maureen começa a tomar remédios para dormir ele aproveita para curtir momentos românticos junto dela sem ela saber.

Por fim, vem a parte mais interessante de todo o filme para mim, e uma das sequências mais bacanas que o cinema já produziu. Monica (Erin James) trabalha numa empresa cuja sua tarefa é fazer o intermédio de ligações entre surdos e mudos através do Skype. O problema começa quando Sam (T.J. Power), um desenhista gráfico solitário, liga para lá e pede para que ela faça a ligação para um tele-sexo. Monica então se vê obrigada a traduzir toda a conversa, e o que parecia constrangedor no começo acaba unindo os dois de uma forma muito singela.



Com esquetes engraçadas e muito bem montadas, A Pequena Morte pode ser considerada uma das comédias mais inteligentes e bacanas dos últimos anos, diferente de tudo que já foi feito. As atuações são muito boas, assim como a trilha sonora, e mesmo sendo uma comédia, faz refletir um pouco sobre o papel da sexualidade na vida de um casal, e nas tantas maneiras disso ser responsável pelo sucesso ou não de uma relação. Certamente uma das surpresas mais positivas do ano.


Nenhum comentário:

Postar um comentário