segunda-feira, 18 de maio de 2015

Crítica: A Ilha dos Milharais (2014)


A divisa entre a Geórgia e a república separatista da Abecásia, cuja tensão política é grande desde a guerra que ocorreu na região entre 1992 a 1993, é feita pelo Rio Enguri. Todos os anos, durante a primavera, o rio sofre com a cheia, e a torrente de água acaba criando pequenas ilhas ao longo de sua extensão. Alguns camponeses aproveitam esse período, muitas vezes o único fértil do ano todo, para plantar nessas ilhas e juntar tudo que precisam para o resto do ano.



O filme acompanha a história de um homem (Ilyas Salman) que resolve aproveitar a estação do ano para cultivar uma plantação de milho numa dessas ilhas temporárias. Pouco a pouco ele vai construindo uma cabana no local e preparando o terreno, sempre contando com a ajuda de sua neta adolescente (Mariam Buturishvili). 

A aparente tranquilidade é o tempo todo ameaçada por soldados georgianos, que rondam o lugar de barco e fazem gracinhas com a jovem garota. A situação fica ainda mais perigosa quando um homem ferido acaba parando nos milharais, e o velho e sua neta devem escondê-lo dos demais.



A grande virtude do filme é mostrar a passagem do tempo com atenção máxima aos pequenos detalhes. Enquanto a jovem amadurece, o velho vai descobrindo que para o mundo continuar girando alguns ciclos se fazem necessários. Contemplativo e silencioso (basta ver que a primeira de poucas palavras é proferida apenas aos 20 minutos de filme), é um filme cuja exuberância das imagens falam por si.

O ritmo cadenciado não entedia, e consegue prender a atenção até o final. Escolhido pela Geórgia para representar o país no último Óscar, o filme do diretor George Ovashvili foi bastante elogiado em diversos festivais menos conhecidos, como o de Karlovy Vary na República Checa, onde foi escolhido melhor filme.


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