terça-feira, 28 de julho de 2015

Crítica: Lucia de B. (2014)


No ano de 2003, a enfermeira Lucia de Berk foi condenada pela corte holandesa a prisão perpétua depois de ser responsabilizada pela morte de sete pacientes de um hospital, entre eles bebês e idosos. Conhecida como "anjo da morte", ela lutou durante anos na justiça para tentar provar sua inocência em um dos casos mais controversos da história jurídica daquele país.



A trama acompanha justamente o longo período que transcorreu desde o primeiro momento de sua prisão até o veredicto final, que durou mais de seis anos. A suspeita sobre Lucia (vivida no filme por Ariane Schutler) surgiu depois que um bebê do hospital em que trabalhava chegou ao óbito por causas desconhecidas. Ao ouvir testemunhas e pesquisar sobre a vida dela, a polícia descobriu uma série de indícios que levavam a crer na sua culpabilidade, e isso bastou para que ela fosse levada a prisão.

No meio de tudo isso está Judith (Sallie Harmsen), uma jovem promotora que está iniciando na carreira e logo de cara recebe a missão de levar o polêmico caso aos tribunais. No começo ela faz seu trabalho e ajuda a pôr Lucia atrás das grades, mas após analisar novas provas que chegaram em suas mãos de forma clandestina, ela passa a desconfiar que tudo não passou de um erro e que Lucia poderia ser, sim, inocente.



O enredo consegue prender a atenção até o fim, principalmente de quem desconhece a história real, já que não deixa claro se Lucia é ou não inocente até que se chegue ao final. Esse clima de "suspense" se dá principalmente pela atuação de Ariane Schutler, que está simplesmente fantástica no papel principal, ora demonstrando ser uma pessoa de sentimentos, ora demonstrando frieza em lidar com a situação.

Além disso, o roteiro acerta em cheio ao criticar essa maneira rudimentar de se fazer justiça, onde em alguns países ainda é comum prenderem pessoas por meros indícios, sem ter provas reais e contundentes. Mais ainda mais poderosa é a critica feita ao circo midiático que se cria ao redor de casos como esses, onde os meios de comunicação acabam por influenciar todos os envolvidos no processo e criam uma raiva coletiva na população apenas por boatos.



Representante da Holanda no último Óscar para melhor filme estrangeiro, Lucia de B. é um drama que tem sim os seus defeitos, mas no geral é bem interessante. Senti falta de uma visão mais ampla da vida particular de Lucia, mas talvez esse mistério é que faça dela uma personagem tão marcante. Por fim, Lucia de B. é um filme que vale muito a pena, e que já entra para a lista dos melhores do ano.

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