segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Crítica: Pessoas-Pássaro (2014)


Oito anos depois do sucesso de Lady Chatterley, adaptação da obra de D.H. Lawrence que conquistou cinco prêmios César em 2006 incluindo melhor filme, a diretora Pascale Ferran está de volta às telas com Pessoas-Pássaro (Bird People), uma fábula moderna sobre a liberdade do indivíduo em meio ao aprisionamento da rotina diária.



Gary Newman (Josh Charles) é um engenheiro de informática americano que vive viajando pelo mundo a trabalho e acaba de pousar em Paris para mais uma de suas reuniões. Nela fica decidido que, para dar andamento em um importante projeto da empresa, sua próxima parada será em Dubai, e ele tem um dia para aguardar o voo que o levará até lá.

Cansado dessa vida, Gary resolve tomar uma atitude drástica: não embarcar no avião e continuar em Paris, além de largar o emprego e até mesmo a mulher. Essa atitude fria e impulsiva tem um custo altíssimo mas ele não pensa nisso, e quer apenas se ver livre destas "amarras" que a sociedade nos impõe.

Em Paris vive também Audrey (Anais Demoustier), uma jovem solitária que trabalha como camareira em um dos principais hotéis da capital francesa. Assim como Gary, Audrey também se sente extenuada com sua rotina de trabalho e queria um dia poder fugir de tudo, até que um estranho acontecimento lhe dá "asas" para a imaginação e para sua tão sonhada liberdade.



É um filme silencioso, de poucas palavras, mas quando elas aparecem são muito bem colocadas. Mais do que isso, é um enredo construído através de metáforas. A principal delas já vem embutida no nome: "pessoas-pássaro", que nada mais é do que uma analogia da liberdade e das escolhas da vida, onde podemos "migrar" para aquilo que acharmos melhor.

Uma das cenas mais interessantes do longa acontece logo no começo, quando a câmera dá um close em vários rostos aleatórios pela cidade, mostrando seus pensamentos e suas expressões, onde cada um está tão entretido em seu próprio mundo (seja olhando para o nada ou para a tela do celular) que nem chega a perceber as pessoas em volta. Destaque também para o momento "surreal" do filme, com belas imagens e uma bela mensagem escondida nas entrelinhas.



Por fim, o dia-dia corrido, as relações humanas cada vez mais impessoais e a rotina estressante que nos mata um pouco a cada dia são alguns dos temas abordados por Pessoas-Pássaro, que é certamente um filme original e diferente de tudo que você já viu até então. Vale a pena dar uma conferida.


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