sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Crítica: Labirinto de Mentiras (2015)


Baseado em fatos reais, Labirinto de Mentiras (Im Labyrinth des Schweigens) conta a trajetória de um promotor de justiça que resolveu investigar casos relacionados ao exército nazista durante a Segunda Guerra Mundial, que culminou no "Julgamento de Auschwitz", que iniciou em 1963 e teve mais de 200 sobreviventes como testemunhas, condenando 17 ex-oficiais por crimes contra a humanidade.



Estamos em Frankfurt, e o ano é 1958. O jovem Johann Redmann (Alexander Fehling) está iniciando na carreira de promotor e ainda não teve em suas mãos nenhum caso expressivo. Tudo muda quando ele descobre que um ex-oficial da SS está trabalhando como professor em uma escola próxima. Aos poucos, Johann vai descobrindo outros ex-nazistas que levam uma rotina de vida normal, como se nada tivesse acontecido há uns anos atrás. Contando com a ajuda de sobreviventes dos campos de concentração, ele começa a reunir provas na tentativa de incriminar esses homens, e apesar de sofrer grande pressão, leva até o fim as investigações.

A tarefa, no entanto, não foi nada fácil. Treze anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial, os alemães parecem ter esquecido seu passado atroz. Muitos jovens nem sequer sabem do que ocorreu em campos como o de Auschwitz, e os que presenciaram tudo fingem não saber. Não existe nenhum livro sobre o assunto, e o governo faz de tudo para esconder. Mais do que isso, boa parte da população tenta desacreditar o holocausto, dizendo que tudo não passou de alucinação dos judeus sobreviventes e mentira dos Aliados para desacreditar o exército de Hitler.



A quantidade de soldados que trabalharam nos campos de concentração é inimaginável. Somente em Auschwitz, foram mais de oito mil. Era um verdadeiro labirinto tentar descobrir o paradeiro de cada um deles em uma pilha imensa de documentos, e sem ajuda de ninguém. Mesmo com toda a dificuldade, Johann não desistiu, mas se viu cada vez mais sufocado ao perceber que pessoas que ele nem imaginava também fizeram parte ativamente de tudo aquilo.

O filme volta àquela velha discussão a respeito da responsabilidade de cada um dos soldados envolvidos, o que já foi bastante discutido principalmente em filmes como O Julgamento de Nuremberg. Eles fizeram tudo aquilo porque estavam sendo mandados ou porque realmente acreditavam ser o certo? E mais, eles deveriam realmente ser punidos, partindo do pressuposto de que na era nazista a lei vigente permitia aquele tipo atitude?



Escolhido para representar a Alemanha no Óscar de melhor filme estrangeiro em 2016, Labirinto de Mentiras é um filme forte e bastante crítico sobre um país que tentou a todo custo ignorar seu passado. Destaque para a atuação competente de Alexander Fehling, além da bela fotografia e da admirável direção de arte. Um filme que certamente já entra para a lista dos melhores do ano.


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