domingo, 31 de janeiro de 2016

Crítica: Trumbo - Lista Negra (2016)


Dalton Trumbo (1905 - 1976) foi um grande roteirista e romancista americano que, para o governo do Estados Unidos, tinha apenas um defeito: ser comunista. Trumbo: Lista Negra (Trumbo), do diretor Jay Roach, conta um pouco mais da história desse excêntrico personagem, abordando principalmente o período em que ele foi perseguido, preso, e proibido de seguir trabalhando por conta de sua visão política.



Até a criação do 'Comitê de Atividades Antiamericanas', Trumbo (Bryan Cranston) era um dos roteiristas mais bem pagos de Hollywood. A acusação por ser comunista e sua posterior prisão culminaram, no entanto, na sua proibição de continuar escrevendo. Ele e mais nove roteiristas de Hollywood foram parar na lista negra do governo americano, sobretudo depois que se negaram em juízo a delatar outros colegas de profissão.

Para fugir do boicote, Trumbo passou a escrever roteiros clandestinamente, sob pseudônimos, que acabaram sendo lançados por grandes estúdios. Um dos mais famosos foi o de "A Princesa e o Plebeu", que inclusive venceu o Óscar de melhor roteiro em 1954. Em 1960, Trumbo roteirizou Spartacus, filme de Kirk Douglas que foi dirigido por Stanley Kubrick. Neste caso, Kirk fez questão de anunciar, mesmo correndo riscos de boicote, o nome de Trumbo como roteirista da trama.



O roteiro do filme é interessantíssimo, não somente pela figura de Trumbo mas também por mostrar como era essa perseguição implacável que existiu contra comunistas naquela época, incentivada pela população e pelos políticos que os tratavam como verdadeiros criminosos. Aliás, vale dizer que o ódio político não era muito distante do que temos visto hoje em dia no Brasil, e isso é alarmante.

Sobre Bryan Cranston, só resta elogios. Depois de inúmeras (mas pequenas) participações em filmes, ele finalmente ganhou um papel de protagonista e foi nada menos do que sensacional. Para viver o personagem, ele adquiriu todos os trejeitos do verdadeiro Trumbo e conseguiu mudar até mesmo a voz, provando mais uma vez que é um dos atores mais completos da atualidade.



Apesar da nomeação de Cranston ao Óscar de melhor ator, é uma pena o filme não ter conquistado mais espaço na premiação, pois realmente merecia. Com uma estrutura inteligente e um roteiro envolvente, Trumbo: Lista Negra já figura entre os filmes mais bacanas que entraram em cartaz este ano no Brasil.

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