quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Crítica: Projeto Flórida (2018)


Sean S. Baker ficou conhecido em 2015 por Tangerine, filmado inteiramente por uma câmera de Iphone e que se tornou um dos filmes mais badalados daquele ano nos festivais de cinema independente. Neste ano ele volta às telas com Projeto Flórida, mais um trabalho humano que mostra o lado suburbano de grandes cidades americanas e destrói com a ideia do sonho americano.


Ao lado de um dos destinos mais visitados do mundo, a Disney World, fica um conjunto de motéis onde vivem famílias de baixa renda. Ironicamente um deles tem o nome de Magic Kingdom (o mesmo nome do parque vizinho), e é onde vive Moonee (Brooklynn Prince), uma menina de seis anos, extremamente desbocada e sem limites. Ela passa seus dias brincando e aprontando pelos espaços dos motéis com outras crianças, e sempre arruma problemas para sua mãe, Halley (Brie Vinaite).

Halley é uma mulher que luta para se sustentar trabalhando em uma casa de dançarinas, mas o dinheiro mal dá para pagar o aluguel do quarto e ela precisa se virar de outras formas. Ela é o retrato de uma mulher que, mesmo jovem, já passou muitas dificuldades na vida e tenta se erguer num mundo difícil e de poucas oportunidades. O gerente do motel é Bobby (Wiliem Defoe), um homem tranquilo que comanda tudo a pulsos firmes. Toda e qualquer confusão que ocorre ele precisa estar ali para resolver, e sua figura quase paternal faz com que todos o respeitem acima de tudo.


O roteiro é levado com muita simplicidade, e os enquadramentos e movimentos de câmera nos dão a impressão de estarmos acompanhando pessoalmente tudo que acontece nesses prédios, como espectadores reais. Dentre todas as atuações, o destaque maior é a para a menininha Brooklynn Prince, que de uma maneira inacreditável, simplesmente leva o filme nas costas. É gratificante para o mundo do cinema quando um talento como esse surge tão precocemente. 

Simples mas profundo, Projeto Flórida tem suas qualidades, como já descrito, mas ficou um pouco abaixo do que eu esperava do meio pro final devido ao ritmo lento, mesmo que possua um final poderoso e belíssimo. Abordando situações banais, o filme tem um sensibilidade rara no cinema de hoje e só por isso já vale a pena ser notado.



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